Vamos falar sobre DEPRESSÃO?
A Psicóloga Juliana Conti responde aqui algumas das perguntas mais recorrentes que fazem sobre Depressão.
O que é depressão e quais seus principais sintomas?
A depressão é um problema médico grave e altamente prevalente na população em geral. De acordo com estudo epidemiológico a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%. Segundo a OMS, a prevalência de depressão na rede de atenção primária de saúde é 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno físico.
De acordo com a OMS, a depressão situa-se em 4º lugar entre as principais causas de ônus, respondendo por 4,4% dos ônus acarretados por todas as doenças durante a vida. Ocupa 1º lugar quando considerado o tempo vivido com incapacitação ao longo da vida (11,9%).
Caracterizam-se por tristeza suficientemente grave ou persistente para interferir no funcionamento humano e, muitas vezes, para diminuir o interesse ou o prazer nas atividades. A causa exata é desconhecida, mas provavelmente envolve hereditariedade, alterações nos níveis de neurotransmissores, alteração da função neuroendócrina e fatores psicossociais. O diagnóstico baseia-se na história. O tratamento geralmente inclui medicações, psicoterapia ou ambos.
Vale ressaltar sobre a tristeza: (DSM-V pág. 168:) “Tristeza. Por fim, períodos de tristeza são aspectos inerentes à experiência humana. Esses períodos não devem ser diagnosticados como um episódio depressivo maior, a menos que sejam satisfeitos os critérios de gravidade (i.e., cinco dos nove sintomas), duração (i.e., na maior parte do dia, quase todos os dias, por pelo menos duas semanas) e sofrimento ou prejuízo clinicamente significativos”
DSM-IV p 348. Características:
“A característica essencial de um Episódio Depressivo Maior é um período mínimo de 2 semanas, durante as quais há um humor deprimido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades. Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável ao invés de triste. O indivíduo também deve experimentar pelo menos quatro sintomas adicionais, extraídos de uma lista que inclui: alterações no apetite ou peso, sono e atividade psicomotora; diminuição da energia; sentimentos de desvalia ou culpa; dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, ou pensamentos recorrentes sobre morte ou ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio. A fim de contabilizar para um Episódio Depressivo Maior, a presença de um sintoma deve ser recente ou então ter claramente piorado, em comparação com o estado pré-episódico da pessoa. Os sintomas devem persistir na maior parte do dia, praticamente todos os dias, por pelo menos 2 semanas consecutivas. O episódio deve ser acompanhado por sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou outras áreas importantes da vida do indivíduo. Para alguns indivíduos com episódios mais leves, o funcionamento pode parecer normal, mas exige um esforço acentuadamente aumentado”.
Existem tipos de depressão?
O termo depressão é utilizado com frequência para se referir a qualquer um dos vários transtornos depressivos. Alguns estão classificados no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5) por sintomas específicos:
- Transtorno depressivo maior (muitas vezes chamada depressão maior)
- Transtorno depressivo persistente (distimia)
- Outro transtorno depressivo específico ou inespecífico
Outros são classificados pela etiologia:
- Transtorno disfórico pré-menstrual
- Transtorno depressivo decorrente de outra condição médica
- Transtorno depressivo induzido por substância/medicação
Os transtornos depressivos ocorrem em qualquer idade, mas normalmente se desenvolvem em meados da adolescência, terceira ou quarta década de vida. Em contextos de atenção primária, até 30% dos pacientes relatam sintomas depressivos, porém < 10% têm depressão maior.
Depressão é uma doença psicológica?
Sim. Desde que se enquadre nos requisitos do DSM V, é caracterizado como doença psicológica deve ser tratado com psicoterapia e se necessário com medicação psiquiátrica.
É importante observar que o indivíduo pode ter episódios depressivos e não ter depressão. Por isso se faz necessário o diagnóstico cuidadoso.
O uso do medicamento para ansiedade e depressão podem viciar?
Estudos mais recentes garantem que os remédios para ansiedade e/ou depressão não viciam, porém, é sempre necessário ficarmos atentos a possível compulsão do paciente pelo medicamente. Normalmente pacientes ansiosos, em estados mais graves, se apegam aos medicamentos, achando que sem eles não conseguirão se controlar.
Por que a depressão é comum entre os jovens?
A depressão hoje tem atingido praticamente todas as idades. Acredito que com o avanço da psicologia e a propagação da importância de cuidar da saúde mental, tem ficado mais evidente as doenças emocionais/psicológicas, desta forma, tem se percebido com mais facilidade o quanto a depressão tem acometido nossa população.
Falando especificamente da adolescência, vale ressaltar que por si só é uma fase complicada e que exige demais do indivíduo. É um período conturbado, deixando seu corpo infantil, tendo que lidar com novas responsabilidades e definições de futuro. Juntando tudo isso com o avanço das tecnologias, com os adolescentes ficando cada vez mais isolados, trancados em casa (normalmente por falta de segurança na rua), trocando as relações pessoais por relações virtuais, podemos concluir que o isolamento social também tenha contribuído bastante com o avanço da depressão.
O quão importante é se abrir? (fazer terapia)
Fazer psicoterapia é cuidar de sua saúde mental e emocional. É um cuidado e carinho consigo mesmo.
Normalmente as pessoas adiam sua ida ao psicólogo, deixando para procurar ajuda somente quando se sentem “no fundo do poço”. Alertamos que a prevenção deve ser a grande preocupação de todas as pessoas quando o assunto é saúde mental.
Um psicólogo clínico acolhe o paciente e suas questões, jamais fazendo qualquer tipo de julgamento e lhe garante sigilo absoluto dos atendimentos.
É preciso deixar claro que quando se procura um profissional, ele não está lá para dar conselhos, dizer se você está certo ou errado, mas sim para pensar junto e ajudá-lo a chegar em quem você realmente é. O importante é procurar um profissional com sensibilidade para entender sua dor, que lhe faça sentir acolhido e com isso reviver e revisar suas experiências passadas e atuais, sendo capaz de perceber as repetições no presente e encontrar novas formas de agir.
As pessoas buscam atendimento psicológico pelos mais variados motivos. Sem entrar em questões patológicas, ou questões que não sejam considerado “normal”, apresentamos aqui alguns motivos para se procurar um psicólogo: autoconhecimento, curiosidade ou vontade, sentimentos constantes de tristeza, ansiedade, estresse, raiva, desânimo, medo, um vazio ou falta de sentido, situações difíceis que não consegue enxergar sozinho uma solução, sentimento de culpa, dificuldade de lidar com o passado, traumas, separações, lutos, perdas, dificuldades de relacionamento, manias, comportamentos alterados. (www.julianaconti.com.br)
Juliana Conti Elias – Psicóloga CRP 06/139348